domingo, 5 de maio de 2013

Plano de aula





PLANO DE AULA GRUPO 2
Tema: Sistemas de equações de 1°Grau.

Turma/Ano: 8ª série/9ºano (estamos considerando que os alunos já aprenderam tal conteúdo na série anterior, mas apresentaram dificuldades em resolver problemas que envolvem sistema de equação do 1º grau na avaliação diagnóstica do início do ano)

Conteúdos: Sistema de equação linear; métodos de resolução (adição e substituição); representação gráfica de equação linear com duas variáveis; análise das soluções de um sistema linear (algébrica e gráfica)

 Justificativa: os resultados das avaliações internas e externas mostram que os alunos apresentam muita dificuldade na transposição das informações de um problema para a linguagem algébrica, sobretudo, os que envolvem sistema de duas equações com duas variáveis. Diante disso faz-se necessário desenvolver um trabalho de intervenção e recuperação contínua junto aos alunos que mobilize as habilidades relativas à competência leitora, para que seja capaz de traduzir o problema para a linguagem algébrica e, assim, identificar sistemas lineares num problema e resolvê-lo corretamente.

Cronograma: 6 aulas

Objetivo geral: Levar os alunos a ampliarem a compreensão do conceito sistema linear e sua aplicabilidade na resolução de problemas.

 Objetivo específico:
  • Compreender o problema identificando as informações necessárias para a resolução.  
·         Identificar o conceito sistema de equação do 1º grau num problema;
·         Traduzir um problema na linguagem algébrica na forma de um sistema.   
·         Verificar se o resultado obtido é a solução do problema.  
·         Analisar e discutir as possíveis soluções de um sistema linear;
·         Interpretar graficamente a solução de um sistema linear.


 Procedimentos Metodológicos:
- Primeiramente será realizada proposta aos alunos uma pesquisa sobre a história do conceito. Socializadas as descobertas, o professor fará um fechamento dos saberes deflagrados de modo a destacar a relevância de tal conceito e como surgiu;
- Será feita uma retomada de conteúdo destacando os aspectos característicos e definidores do sistema de equação do 1º grau; Também serão retomados os procedimentos de resolução de equação do 1º grau;
- A partir de uma situação problema preparada pelo professor com foco na leitura e interpretação, os alunos juntamente com o professor irão identificar as informações principais, reconhecer os valores a serem descobertos (incógnitas), verificar a pergunta central e representá-la na linguagem algébrica.
-  Num outro momento, os alunos em grupo (dupla) discutirão a representação algébrica de outros problemas e socializarão suas descobertas e resoluções.
- Por fim, será solicitado aos alunos um relatório reflexivo sobre o seu processo de aprendizagem nestas atividades, destacando o que aprendeu; do que aprendeu o que mais gostou e quais foram suas dificuldades.

Avaliação:
Avaliação será contínua, de modo que todas as atividades serão avaliadas e servirão de diagnóstico e de indicativos para a intervenção docente junto aos alunos para superação de suas dificuldades.

Recuperação:
 Consideramos o relatório reflexivo sobre o que aprendeu uma forma de recuperação contínua, pois no momento em que reflete sobre os conceitos abordados, o que aprendeu e o que teve dificuldade o aluno pode re-significar alguns conceitos e corrigir alguns equívocos. Mas, se ainda assim ainda ficar alguma dúvida, o relatório reflexivo servirá para o professor identificar onde está o problema o que orientará as próximas intervenções, bem como a elaboração de atividade específica para os casos pontuais.

Recursos:  Caderno do Professor/Aluno; Problemas retirados do relatório do SARESP de anos anteriores; Livros didáticos; Uso da Tecnologia para apresentar em Power Point a história do conceito e os problemas a serem discutidos; Internet (pesquisas).

terça-feira, 23 de abril de 2013

Depoimentos de leitura dos integrantes do grupo

Daniela Miranda Fernandes Santos

Minha relação com a leitura surgiu antes mesmo de entrar na escola, desde que nascemos iniciamos uma leitura do mundo, do contexto a nossa volta. Com as primeiras palavras surgiram a expressão das leituras realizadas e associado a isso as brincadeiras de escolinha com as colegas de rua. Morava do lado de uma escola, minhas tias maternas e minha irmã mais velha eram professoras, além disso, muitos vizinhos, pais dos meus colegas de infância, também eram professores: a D. Verenice e o Sr. Dirceu eram os diretores da escola e pais da Cristiane e do Cleverson, a D. Iraci, uma professora aponsentada, vó da Sheila; a D. Maria Celoto, mãe da Paula; a D. Esther, mãe da Viviam e da Luciana; a Lólia era sobrinha da Prof. Neuza. Mergulhada neste contexto, brincava muito de escolinha. E nestas brincadeiras, mesmo sem saber ler, já realizava algum tipo de leitura, mesmo que por meio de simulações, tentativas de leitura... Como era a caçula, “temporona”, entre sete irmãos, ganhava muitos livros de historinha e disquinhos que contavam estórias Me lembro de uma coleção de disquinhos de vinil coloridos pequenos, cada um de uma história: Chapeuzinho vermelho, Branca de neve e os sete anões, A formiga e a cigarra, O soldadinho de chumbo. Ao ouvi-los ficava acompanhando as imagens no livrinho e tentando adivinhar o que estava escrito, que momento mágico...

Já no período escolar, li muitos livros, tinha campeonato de leitura na minha escola, prêmios para quem lia mais livros, eu nunca fui a vencedora, mas isso me incentivava de alguma forma a estar sempre lendo um livro. Li, A Ilha perdida, A Montanha Encantada, Cachorrinho Samba, A hora do Amor, A marca de Uma Lágrima, entre outros. Preferia os de menos páginas... Além destes, lia os livros indicados pelas professoras de Língua Portuguesa para fazer as provas e as famosas fichas de leitura, destes eu não me lembro, nem para citar os nomes...

No Ensino Médio, tínhamos que ler aqueles romances imensos, confesso que raramente os lia por inteiro. Como estudava em escola pública, pegava emprestado com os colegas da vizinhança que estudavam no Anglo e no Objetivo o resumo dos livros para fazer as provas.

Durante a primeira faculdade, Ciências e Matemática, as leituras se resumiam nos textos teóricos acadêmicos e além destes, de vez em quando lia um romance qualquer da coleção Julia, Sabrina, não era muito de ler. Lia também o jornal, trabalhava no comércio da família e quando o movimento estava parado, lia o jornal Estadão e o jornal Comarca da Cidade.

Na Pedagogia, tive um contato maior com textos teóricos, onde fui ampliando o hábito de ler e escrever.

Enquanto professora já li vários livros relacionados à Matemática: o Diabo dos Números, alguns do Malba Tahan, muitos paradidáticos, alguns sobre didática da Matemática, A criança e o número (Kamii), outros da coleção da Katia Smole junto com Diniz e Cândido, entre outros.

Mas no mestrado, o que era aquilo, um turbilhão de leituras, acho que o que lia numa disciplina eu não li durante os quatro anos de faculdade. E o pior era que além de ler tínhamos que escrever artigos, os capítulos da dissertação. Foi onde adquiri o hábito de ler e escrever, mas confesso que a duras penas...  Quando conclui o mestrado, li alguns livros, como O menino do pijama listrado, O Soltador de Pipas, entre outros, por sentir falta de estar lendo algo.

Hoje, embora não tenha tempo de ler textos da literatura, estou o tempo todo lendo algum texto sobre formação de professores, álgebra, sobre ensino de conceitos matemáticos, temas da minha pesquisa de doutorado, fora os de metodologia da pesquisa...



Denise Aparecida Gomes

Olá pessoal e tutor Roberto,

 Minha experiência leitora foi bastante interessante e diversificada, pois meus pais eram professores, minha mãe PEB-I e meu pai professor de química. Minha infância foi rodeada de livros e meus pais não mediam esforços para que essa competência leitora realmente fosse cada vez mais forte em mim.

Lembro-me também da época de leitura dos clássicos da literatura, alguns com linguagem bem difícil, mas exigidos nos vestibulares e os professores exigiam a leitura, resumos e provas. Também faz parte das minhas recordações uma ficha que era preenchida com idéia principal e resumo dos personagens com fechamento através de seminários para socialização dessas fichas e eu morria de medo quando era minha vez de apresentar, tempo bom.


Atualmente, leio num ritmo menor, pois acabo me focando mais na leitura especifica e pedagógica, porem não devo esquecer que somente com a leitura é que teremos a oportunidade de conhecer novos espaços, pessoas, lugares e por alguns momentos nos permitir entrar no mundo dos sonhos e idealizações.

 
Erlene Bettin Bertino

Fui alfabetizada por meio de cartilhas, a leitura na escola ainda era tida como obrigação e usada como uma atividade avaliativa para o professor se certificar-se de que havia cumprido com a obrigação de ler.

Hoje faço leitura de textos e livros matemáticos, pois a leitura é importante para  estimular o desenvolvimento de habilidades de atenção e observação, incentivando a organização e a expressão de ideias, a criatividade, o enriquecimento de vocabulario e ela também nos torna mais críticos e capazes de considerar diferentes perspectivas.



Everaldo Aparecido de Godoi

Olá Prof Roberto, tudo bem? Bom, minha experiência com leitura e escrita foi muito interessante e diferente de muitos relatos. Boa parte dos colegas testemunharam que foram tendo contato com fontes para leitura e foram desenvolvendo o gosto e a paixão pela prática. Eu já não. Como sempre fui de zona rural e culturalmente meus pais e meus familiares vizinhos não liam muito; e aqueles que liam não me conquistavam para tal e nem me seduziam. Tive muita dificuldade para dominar a leitura dos livros de 1ª série, mas aprender mesmo foi em casa com meus pais. Mas não tive exemplo que me inclinassem para o hábito e paixão pela leitura. Hoje, acredito que seria bem produtivo profissionalmente ter sido um maníaco das livrarias e bancas (quando eu fosse na cidade, de meses em meses); seguramente me pouparia esforços do dia-a-dia.


Me lembro de algo na 4ª série, onde a professora pediu-nos uma redação para nota. Me lembro que eu escrevi sobre um personagem que gostava muito: "O super homem"; resultado, escrevi 10 folhas frente e verso sobre ele; minha redação teve nota máxima.


Até hoje, sinto que somente a leitura não me basta para sintetizar algum conteúdo completamente, preciso considerar paralelo um vídeo,  consolidando minhas reflexões e produções.


Mas concordo com todos os colegas quanto aos inúmeros benefícios tais hábitos lhe renderam; fico até invejando tamanha oportunidade. E hoje leio muito a Bíblia e reflito nas interpretações disponíveis das histórias do velho e novo testamento, assim como revelações não encontradas em muitos livros. Hoje, não leio muito, mas até o momento me considero feliz e realizado com meu rol de leitura cotidianas; ciente dos adicionais ganhos com a extensão deste rol.


 

Ewerthon Daniel Vaz

Como disse a Léia (chamo-a de Léia pois a considero minha irmã), belos depoimentos. Eu tenho poucas lembranças de contato com a leitura enquanto criança, pois com 6 anos de idade já trabalhava com meu pai (orgulho da minha vida que me ensinou a ver o mundo de diferentes maneiras) e meu contato com livros era somente na escola. Fui reprovado na primeira série por que tinha problema de visão e a professora percebeu aos 6 meses de aula. Com isso, não conseguia acompanhar a turma, o que me marcou muito e me fez tomar uma séria decisão: a partir daquele ano não reprovaria mais. Mantive minha palavra e isso foi cumprido até os dias atuais, adoro estudar e sei a importância da leitura. Na escola adorava tudo que envolvia cálculo, porém tinha dificuldades nas demais disciplinas e hoje compreendo que era um sofrimento por eu não ter o hábito de leitura. Já na faculdade, percebi que deveria me aprofundar na leitura para obter sucesso em minhas avaliações. Quando comecei a dar aula, percebi no início que os alunos aprendiam a matemática mecanicamente, não fazendo sentido algum a eles, não conseguiam relacioná-la com seu cotidiano. Foi então que comecei a trabalhar com as TIC nas minhas aulas, como por exemplo jornal na 5ªsérie, hoje 6ºano, a criação de vídeo com a 8ªsérie/9ºano, o que me trouxe satisfação muito grande, pois hoje tenho ex-alunos professores, que relatam que minhas aulas são exemplos para eles. Por minha formação em Matemática, vi a necessidade de realizar curso em outras áreas para conhecer mais a escrita e leitura e com isso posso dizer que adoro ler e, quando surge um curso novo, fico curioso sobre o que aprenderei.
 

Francisco Claudemir Simões


Aos oito anos eu era viciado em gibi, lia todos os que podia por a mão e trocava com os colegas, os que mais gostava eram os do Batman, Super Homem, Homem Aranha, Fantasma e Flash.


Mas naquela época havia o preconceito de que gibi não era bom e minha mãe rasgava os que ela pegava, então eu lia escondido, acho que este fato me aproximou ainda mais da leitura, pois tudo que é proibido é mais gostoso.


Com estes gibis tive os primeiros contatos com a Teoria da Relatividade - Lembro de um gibi do flash em que seu sogro (que também era cientista), deu a Barry Allen que era a identidade secreta do flash um relógio extremamente preciso na esperança de que a super velocidade e a dilatação do tempo entregasse o herói. Mas teve seu plano frustrado quando Barry percebeu e adiantou o relógio.


Aos dez anos fui trabalhar em um sebo e conferia a numeração das páginas para ver se faltava alguma e ficava lendo muuuuuuuito.


Dos 16 aos 18 trabalhei em uma distribuidora de livros e revistas hehehe... nesta época li Isaac Asimov - Eu robô e me apaixonei pela ficção científica.


Ainda hoje leio tudo que me cai nas mãos e minhas filhas herdaram essa paixão.




Nativos Digitais, Imigrantes Digitais


Nativos Digitais, Imigrantes Digitais
Por Marc Prensky
De On the Horizon (NCB University Press, Vol. 9 No. 5, Outubro 2001)
Tradução do artigo "Digital natives, digital immigrants", de Marc Prensky. Tradução gentilmente
cedida por Roberta de Moraes Jesus de Souza: professora, tradutora e mestranda em educação pela
UCG. Para qualquer citação, entrar em contato com a tradutora: robertamjsouza@yahoo.com.br.
É incrível para mim que com toda a agitação e debate atual sobre o declínio da educação nos EUA,
nós estejamos ignorando a principal causa desta queda. Nossos alunos mudaram radicalmente. Os
alunos de hoje não são os mesmos para os quais o nosso sistema educacional foi criado.
Os alunos de hoje não mudaram apenas em termos de avanço em relação aos do passado, nem
simplesmente mudaram suas gírias, roupas, enfeites corporais, ou estilos, como aconteceu entre as
gerações anteriores. Aconteceu uma grande descontinuidade. Alguém pode até chamá-la de apenas
uma “singularidade” – um evento no qual as coisas são tão mudadas que não há volta. Esta então
chamada de “singularidade” é a chegada e a rápida difusão da tecnologia digital nas últimas décadas
do século XX.
Os alunos de hoje – do maternal à faculdade – representam as primeiras gerações que cresceram
com esta nova tecnologia. Eles passaram a vida inteira cercados e usando computadores, vídeo
games, tocadores de música digitais, câmeras de vídeo, telefones celulares, e todos os outros
brinquedos e ferramentas da era digital. Em média, um aluno graduado atual passou menos de 5.000
horas de sua vida lendo, mas acima de 10.000 horas jogando vídeo games (sem contar as 20.000
horas assistindo à televisão). Os jogos de computadores, e-mail, a Internet, os telefones celulares e
as mensagens instantâneas são partes integrais de suas vidas.
Agora fica claro que como resultado deste ambiente onipresente e o grande volume de interação
com a tecnologia, os alunos de hoje pensam e processam as informações bem diferentes das
gerações anteriores. Estas diferenças vão mais longe e mais intensamente do que muitos educadores
suspeitam ou percebem. “Tipos distintos de experiências levam à distintas estruturas de
pensamento,” diz Dr. Bruce D. Barry da Faculdade de Medicina Baylor. Como veremos
posteriormente, é bem provável que as mentes de nossos alunos tenham mudado fisicamente – e
sejam diferentes das nossas – sendo resultado de como eles cresceram. Mas se isso é realmente
verdade ou não, nós podemos afirmar apenas com certeza que os modelos de pensamento mudaram.
Vou mostrar como eles mudaram em um instante.
Como deveríamos chamar estes “novos” alunos de hoje? Alguns se referem a eles como N-gen
[Net] ou D-gen [Digital]. Porém a denominação mais utilizada que eu encontrei para eles é Nativos
Digitais. Nossos estudantes de hoje são todos “falantes nativos” da linguagem digital dos
computadores, vídeo games e internet.
Então o que faz o resto de nós? Aqueles que não nasceram no mundo digital, mas em alguma época
de nossas vidas, ficou fascinado e adotou muitos ou a maioria dos aspectos da nova tecnologia são,
e sempre serão comparados a eles, sendo chamados de Imigrantes Digitais.
É importante fazer esta distinção: como os Imigrantes Digitais aprendem – como todos imigrantes,
alguns mais do que os outros – a adaptar-se ao ambiente, eles sempre mantêm, em certo grau, seu
“sotaque”, que é, seu pé no passado. O “sotaque do imigrante digital” pode ser percebido de
diversos modos, como o acesso à internet para a obtenção de informações, ou a leitura de uma
manual para um programa ao invés de assumir que o programa nos ensinará como utilizá-lo.
Atualmente, os mais velhos foram “socializados” de forma diferente das suas crianças, e estão em
um processo de aprendizagem de uma nova linguagem. E uma língua aprendida posteriormente na
vida, os cientistas nos dizem, vai para uma parte diferente do cérebro.
Há centenas de exemplos de sotaque de imigrante digital. Entre eles estão a impressão de seu e-mail
(ou pedir a secretária que o imprima para você – um sotaque ainda “mais marcante”); a necessidade
de se imprimir um documento escrito do computador para editá-lo (ao invés de editá-lo na tela; e
trazer as pessoas pessoalmente ao seu escritório para ver um web site interessante (ao invés de
enviar a eles a URL). Tenho certeza de que você consegue pensar em um ou dois exemplos sem
muito esforço. Meu exemplo favorito é “Você recebeu meu e-mail” pelo telefone. Aqueles de nós
que são Imigrantes Digitais podem, e devem, rir de nós mesmos e de nosso “sotaque”.
Mas esta não é apenas uma piada. É muito sério, porque o único e maior problema que a educação
enfrenta hoje é que os nossos instrutores Imigrantes Digitais, que usam uma linguagem
ultrapassada (da era pré-digital), estão lutando para ensinar uma população que fala uma
linguagem totalmente nova.
Isto é óbvio aos Nativos Digitais – as escolas freqüentemente sentem como nós tivéssemos criado
uma população de sotaque forte, estrangeiros incompreensíveis para ensiná-los. Eles geralmente
não podem entender o que os Imigrantes estão dizendo. O que “discar” um número significa
mesmo?
Para que esta perspectiva não pareça radical, muito menos apenas descritiva, deixe-me elucidar
alguns pontos. Os Nativos Digitais estão acostumados a receber informações muito rapidamente.
Eles gostam de processar mais de uma coisa por vez e realizar múltiplas tarefas. Eles preferem os
seus gráficos antes do texto ao invés do oposto. Eles preferem acesso aleatório (como hipertexto).
Eles trabalham melhor quando ligados a uma rede de contatos. Eles têm sucesso com gratificações
instantâneas e recompensas freqüentes. Eles preferem jogos a trabalham “sério”. (Isto lhe parece
familiar?)
Mas os Imigrantes Digitais tipicamente têm pouca apreciação por estas novas habilidades que os
Nativos adquiriram e aperfeiçoaram através de anos de interação e prática. Estas habilidades são
quase totalmente estrangeiras aos Imigrantes, que aprenderam – e escolhem ensinar –
vagarosamente, passo-a-passo, uma coisa de cada vez, individualmente, e acima de tudo,
seriamente. “Meus estudantes apenas não ______ como eles costumavam fazer,” lamentam os
Imigrantes Digitais educadores. “Eu não posso fazer com que eles ______ ou ______.” “Eles não
apreciam ______ ou ______.” (Complete as lacunas, há uma grande variedade de opções.).
Os Imigrantes Digitais não acreditam que os seus alunos podem aprender com êxito enquanto
assistem à TV ou escutam música, porque eles (os Imigrantes) não podem. É claro que não – eles
não praticaram esta habilidade constantemente nos últimos anos. Os Imigrantes Digitais acham que
a aprendizagem não pode (ou não deveria) ser divertida. Por que eles deveriam? Eles não passaram
os últimos anos aprendendo com a Vila Sésamo.
Infelizmente para os nossos professores Imigrantes Digitais, as pessoas sentadas em suas salas
cresceram em uma “velocidade rápida” dos vídeo games e MTV. Eles estão acostumados à rapidez
do hipertexto, baixar músicas, telefones em seus bolsos, uma biblioteca em seus laptops, mensagens
e mensagens instantâneas. Eles estiveram conectados a maior parte ou durante toda suas vidas. Eles
têm pouca paciência com palestras, lógica passo-a-passo, e instruções que “ditam o que se fazer”.
Os professores Imigrantes Digitais afirmam que os aprendizes são os mesmos que eles sempre
foram, e que os mesmos métodos que funcionaram com os professores quando eles eram estudantes
funcionarão com seus alunos agora. Mas esta afirmação não é mais válida. Os alunos de hoje são
diferentes. Um estudante do jardim de infância disse recentemente no recreio www.hungry.com
(hungry = com fome). “Toda vez que vou à escola tenho que diminuir minha energia”, reclama um
estudante de ensino médio. É que os Nativos Digitais não podem prestar atenção ou eles não
escolhem? Freqüentemente do ponto de vista dos Nativos seus instrutores Imigrantes Digitais fazem
com que não valha a pena prestar atenção à sua forma de educar se comparar a tudo o que eles
vivenciam – e então eles os culpam de não prestarem atenção!
E, mais e mais, eles não vão aceitar isso. “Eu fui a uma faculdade altamente conceituada onde todos
os professores vieram de MIT (Massachusets Institute of Technology) (Instituto Tecnológico de
Massachusets),” diz um aluno veterano. “Mas tudo o que eles fizeram foi ler de seus livros-textos.
Parei.” A estonteante internet apareceu há pouco tempo – quando os trabalhos eram abundantes,
especialmente nas áreas onde a escola oferecia pouca ajuda – esta era uma possibilidade real. Mas
os estudantes ponto-com que abandonaram agora estão voltando para a escola. Eles terão que
confrontar de novo a divisão Imigrantes/ Nativos, e ainda mais problemático devido às experiências
recentes. E isso tornará ainda mais difícil ensiná-los – e todos os Nativos Digitais já no sistema – à
moda antiga.
Então o que deveria acontecer? Os estudantes Nativos Digitais deveriam aprender as velhas formas,
ou os educadores Imigrantes Digitais deveriam aprender as novas? Infelizmente, independente de
quanto os Imigrantes queiram isso, é bem improvável que os Nativos Digitais regredirão. Em
primeiro lugar, isto deve ser impossível – as mentes podem já ser diferentes. Isto insulta tudo o que
conhecemos sobre migração cultural. As crianças nascidas em qualquer nova cultura aprendem a
nova linguagem facilmente, e resistem com vigor em usar a velha. Os espertos adultos imigrantes
aceitam que eles não conhecem seu novo mundo e tiram vantagens de suas crianças a ajudá-los a
aprender e integrar-se. Os imigrantes não-tão-espertos (ou não-tão-flexíveis) passam a maior parte
de seu tempo lamentando de como eram boas as coisas em seu “velho país”.
Então a menos que nós queiramos apenas esquecer a educação dos Nativos Digitais até eles
crescerem e eles mesmos a conseguirem, seria melhor confrontarmos este assunto. E ao fazê-lo
precisamos reconsiderar tanto a metodologia quanto o nosso assunto.
Primeiro, nossa metodologia. Os professores de hoje têm que aprender a se comunicar na língua e
estilo de seus estudantes. Isto não significa mudar o significado do que é importante, ou das boas
habilidades de pensamento. Mas isso significa ir mais rápido, menos passo-a-passo, mais em
paralelo, com mais acesso aleatório, entre outras coisas. Os educadores podem perguntar “Mas
como ensinamos lógica desta maneira?” Enquanto não estiver imediatamente claro, devemos
imaginar.
Segundo, nosso conteúdo. Parece para mim que depois da “singularidade” digital agora há dois
tipos de conteúdos: conteúdo “Legado” (pegar emprestado o termo computador para sistemas
antigos) e conteúdo “Futuro”.
O conteúdo “Legado” inclui ler, escrever, aritmética, raciocínio lógico, compreensão do que há
escrito e das idéias do passado, etc – tudo do nosso currículo “tradicional”. É claro que ainda é
importante, mas é de uma era diferente. Alguns deles (como o raciocínio lógico) continuará sendo
importante, mas alguns (talvez como a geometria Euclidiana) será menos importante, como foi o
Latim e o Grego.
O conteúdo “Futuro” é em grande escala, o que não é surpreendente, digital e tecnológico. Mas
enquanto este inclui software, hardware, robótica, nanotecnologia, genoma, etc. também inclui
ética, política, sociologia, línguas e outras coisas que os acompanham. Este conteúdo “Futuro” é
extremamente interessante aos alunos de hoje. Mas quantos Imigrantes Digitais estão preparados
para ensiná-lo? Alguém uma vez me sugeriu que as crianças deveriam ter a permissão de usarem
computadores na escola se eles tivessem os construídos. É uma idéia brilhante que é bastante
exeqüível do ponto de vista das capacidades dos estudantes. Mas quem poderia ensinar?
Como educadores, nós precisamos pensar sobre como ensinar tanto o conteúdo Legado e o Futuro
na língua dos Nativos Digitais. O primeiro requer uma tradução maior e mudança de metodologia; o
segundo requer tudo o que ADICIONA o novo conteúdo e pensamento. Não está na verdade claro
para mim o que é mais difícil – “aprender algo novo” ou “aprender novas maneiras para fazer algo
antigo”. Eu suspeito que seja este último.
Então nós temos que inventar, mas não necessariamente do rascunho. A adaptação de materiais à
linguagem dos Nativos Digitais já foi feita com sucesso. Minha preferência pessoal para ensinar os
Nativos Digitais é inventar jogos de computador para fazer o trabalho, até mesmo para o conteúdo
mais sério. Além disso, é um idioma com o qual a maioria deles está familiarizado.
Não há muito tempo um grupo de professores apareceu em minha empresa com um desenho
auxiliado pelo computador (CAD) que eles tinham inventado para engenheiros mecânicos. A
criação era muito melhor do que as pessoas estavam utilizando atualmente e eles afirmaram que
todo o mundo da engenharia rapidamente o adotaria. Mas o que eles encontraram foi muita
Marc Prensky Nativos Digitais Imigrantes Digitais © 2001 Marc Presnky
resistência, devido principalmente ao produto requerer muita aprendizagem – o software continha
centenas de novos botões, opções e acesso a serem dominados.
Os seus negociantes, entretanto, tiveram uma idéia brilhante. Observando que os usuários do
software CAD eram quase todos engenheiros do sexo masculino entre 20 e 30 anos, eles disseram
“Porque não fazer a aprendizagem em um vídeo game!” Então nós inventamos e criamos para eles
um jogo de computador no estilo “primeiro atirador” dos jogos para consumidores Doom and
Quake (Julgamento e Tremor), chamado The Monkey Wrench Conspiracy (A Conspiração da
Chave-Inglesa). Seu jogador se torna um agente secreto intergalático que tem que salvar a estação
espacial de um ataque do malvado Dr. Chave-Inglesa. A única maneira de derrotá-lo é usar o
software CAD, no qual o aprendiz deve se empreender para construir ferramentas, consertar armas e
desfazer armadilhas. O jogo tem uma hora de duração, mais 30 “tarefas”, as quais podem levar de
15 minutos a diversas horas dependendo do nível de experiência de cada um.
A Chave-Inglesa tem fenomenalmente sido um sucesso em atrair os jovens a conhecer o software.
Está sendo amplamente usado por estudantes de engenharia por todo o mundo, com mais de 1
milhão de cópias do jogo em edição em diversas línguas. Mas enquanto o jogo foi fácil para meu
pessoal de Nativos Digitais para inventar, criar o conteúdo tornou-se mais difícil para os
professores, que estavam acostumados a ensinar em curso que começavam com “Lição 1 – a
Interface”. Nós pedimos a eles então para criar uma série de tarefas por níveis nas quais as
habilidades a serem aprendidas estivessem inseridas. Os professores fizeram filmes de 5-10 minutos
para ilustrar os conceitos chaves; nós pedimos a eles para reduzi-los para menos de 30 segundos. Os
professores insistiram que os aprendizes precisavam daquele tempo para fazer todas as tarefas em
ordem; nós pedimos a eles para deixar o acesso aleatório. Eles queriam um vagaroso passo
acadêmico, nós queríamos velocidade e urgência (nós contratamos um escritor de cinema de
Hollywood para fornecer isso). Eles queriam instruções escritas; nós queríamos filmes de
computador. Eles queriam a linguagem pedagógica tradicional de “objetivos de aprendizagem”,
“domínio”, etc. (por exemplo, “neste exercício você aprenderá...”); nosso objetivo era eliminar
completamente qualquer linguagem que tivesse traços de educação.
No final os professores e o seu pessoal conseguiram êxito de forma brilhante, mas devido ao
esquema mental requerido eles gastaram o dobro do tempo que nós esperávamos. Quando eles
viram o método em prática, então a nova metodologia do “Nativo Digital” tornou-se seu modelo por
mais e mais ensino – tanto com ou fora dos jogos – a velocidade deles de desenvolvimento
aumentou drasticamente.
Reconsideração similar precisa ser aplicada a todos às matérias em todos os níveis. Embora todas as
tentativas em “educação entretenimento” para começar tem essencialmente fracassado tanto da
perspectiva educacional quanto da de entretenimento, nós podemos – e iremos, eu prevejo – fazer
muito melhor.
Em matemática, por exemplo, o debate não deve ser mais sobre usar calculadoras e computadores, -
eles são parte do mundo dos Nativos Digitais – mas como usá-los para selecionar as coisas que são
úteis para serem internalizadas, de habilidades chaves e conceitos a tabuadas de multiplicação. Nós
deveríamos focalizar na “matemática futura” – aproximação, estatísticas, raciocínio binário.
Em geografia – o que é tudo, mas ignorada atualmente – não há razão para uma geração que pode
memorizar mais de 100 personagens do Pokémon com todas as suas características, história e
evolução não podem aprender os nomes, populações, capitais e relações entre todas as 181 nações
no mundo. Depende apenas de como é apresentada.
Nós precisamos inventar metodologias para Nativos Digitais para todas as matérias, e todos os
níveis, usando nossos estudantes para nos guiar. O processo já começou – eu conheço professores
universitários inventando jogos para ensinar matérias que vão desde matemática até engenharia ou
até a Inquisição Espanhola. Nós precisamos achar maneiras de publicar e espalhar o sucesso deles.
Um objeção freqüente que eu escuto dos educadores Imigrantes Digitais é “esta metodologia é
ótima para fatos, mas não funcionaria com a ‘minha disciplina’ ”. Isso não faz sentido. Isto é apenas
racionalização e falta de imaginação. Em meus discursos eu incluo agora “experiências de
pensamento” onde convido professores universitários e professores a sugerir um assunto ou tópico,
e eu tento – imediatamente – a inventar um jogo ou outro método para Nativos Digitais a aprendêlo.
Filosofia Clássica? Criar um jogo no qual os filósofos debatem e os alunos tem que captar o que
cada um diz. O Holocausto? Criar uma simulação onde os alunos interpretam reunião em Wannsee,
ou um onde eles podem vivenciar o verdadeiro horror nos campos, ao contrário dos filmes como A
Lista de Schindler. É bobo (e preguiçoso) dos educadores – para não mencionar ineficiente –
presumir que (apesar de suas tradições) a maneira do Imigrante Digital de ensinar é a única
maneira, e que a “linguagem” dos Nativos Digitais não é tão capaz quanto a sua própria habilidade
de realizar quaisquer e todas idéias.
Então se os educadores Imigrantes Digitais realmente querem alcançar os Nativos Digitais – quer
dizer, todos seus estudantes – eles terão que mudar. Já é hora para pararem de lamentar, e assim
como o lema da Nike da geração dos Nativos Digitais diz “Apenas faça isso!”. Eles terão sucesso a
longo prazo – e seus sucessos virão mais rapidamente se seus administradores apóia-los.
Veja também: Nativos Digitais, Imigrantes Digitais Parte 2: A evidência científica por trás das mudanças de
pensamento dos Nativos Digitais, e a evidência que o estilo de aprendizagem dos Nativos Digitais funciona!
Marc Prensky é um líder pensador internacionalmente aclamado, conferencista, escritor, consultor, e criador de jogos nas áreas críticas de educação e aprendizagem. Ele é autor do Jogo Digital Baseado em Aprendizagem (McGraw-Hill, 2001), fundador e CEO dos Games2train, um jogo baseado em companhia de aprendizagem, e fundador do Multiplicador Digital, uma organização dedicada a eliminar a divisão digital no mundo da aprendizagem. Ele é também o criador dos sites <www.SocialImpactGames.com>, <www.DoDGameCommunity.com> e <www.GamesParentsTeachers.com>. Marc possui a titularidade de MBA em Harvard e Mestrado em Educação em Yale. Outros trabalhos podem ser encontrados em <www.marcprensky.com/writing/default.asp>. Entre em contato com Marc através do e-mail marc@games2train.com